sábado, 23 de agosto de 2008

Biografia

Biografia





Nome: -Cláudio José Fernandes João

Naturalidade: -lugar e Freguesia de Cicouro, concelho Miranda do Douro

Filiação: -José Abílio João e Ester Isabel Torrão Fernandes João

Formação escola: -Frequentou e concluiu o ensino básico, com apoio, na Escola de Cicouro.
Frequentou o ensino secundário, 9º.Ano. com currículo alternativo adaptado, em Miranda do Douro, com deslocações diárias entre a residência e a Escola, cerca de 19Km.

Formação específica: -A partir de 2005, em Miranda, ao sábado tem frequentado aulas de pintura, com deslocações e propinas custeadas pelos pais.

Foi Baptizado: -Na Igreja Católica e Paroquial de Cicouro

Agregado familiar: -Inserido numa família composta, actualmente, pelos pais, irmão e avó paterna, do meio rural, que vive da lavoura e criação de gado.

Clube de Futebol: - Simpatizante, convicto e desde os seis anos de idade, do Futebol Clube do Porto.

Jogos habituais: - Carta, raiolo e jogos de computador.

Relacionamento: -Convive com familiares, colegas e amigos, de forma fácil e pacífica, sem deixar de ter consciência das limitações pessoais e permanentes.



















TALENTO E VONTADE QUE CRESCEM SOBRE CADEIRA DE RODAS


Nascido a 06 de Fevereiro de 1989, Cláudio João tem, apenas, um metro e vinte centímetros de altura e vinte e oito quilos de peso.
Em meados de Fevereiro de 1989, no Instuto de Genética do Porto, foi-lhe diagnosticado “Síndroma de Larsen”, uma doença incurável, que afecta todas as articulações e, desde sempre, condicionou a sua locomoção e outros movimentos.
Já sofreu sete intervenções cirúrgicas, as duas primeiras, com três e quatro meses de idade, para debelar duas hérnias inguinais e, as restantes, para tentar corrigir os braços, pernas, mãos e a coluna vertebral.
Já teve talas nos pés e nas mãos. E, para equilibrar e corrigir a coluna vertebral, foram-lhe colocadas duas barras metálicas, que não podem ser retiradas mas, porventura, substituídas, futuramente.
Em 1993, em Madrid, foi-lhe diagnosticada surdez bilateral profunda e foral colocados dois aparelhos auditivos que mantém.
Tem tido tratamento e sessões de terapia da fala, que lhe permite soletrar, bastantes palavras e emitir outros sons perceptíveis, com algum esforço.
Aliás, o Cláudio João, só iniciou a locomoção aos cinco anos de idade, encostado a um andarilho, depois com apoio de canadianas e utiliza cadeira de rodas, desde os 13 anos.
A sua “força de vontade”, revelada em diversos momentos cruciais da sua vida, tem sido uma constante!
Quando tinha 16 anos de idade, no Hospital de Santo António do Porto, antes da última intervenção cirúrgica à coluna vertebral, para colocação de barras metálicas, os pais foram informados da escassa viabilidade de sucesso e sobrevivência.
Foi necessária autorização dos seus representantes legais,
O pai estava ausente e delegou na mãe aquela decisão difícil, que tinha de expressar em autorização escrita.
A mãe, indecisa e receosa, hesitou durante algum tempo, em tomar tão arriscada decisão.
E, a certa altura, voltou-se para o Cláudio João e perguntou-lhe se queria ser operado!
Sem hesitar, o filho respondeu-lhe: - “Eu operar!...Tu, mãe, forte!...”
Perante a determinação expressa do filho, a mãe assinou a autorização e a delicada intervenção cirúrgica, demorada e de alto risco, consumou-se.
O sucesso aconteceu, mas o Cláudio João teve de ser reanimado, duas vezes, nas 48 horas seguintes.
Sofreu, como um cordeirinho, aquele suplício, dores e recuperação morosa, por vontade expressa, numa luta invulgar pela sua sobrevivência.






CONDIÇÕES ESPECIAIS DE TRABALHO NA PINTURA DE QUADROS

Desde o ensino básico, sempre revelou especial aptidão para o desenho à vista, fazendo casas com simples lápis de carvão, dizendo que desejava ser arquitecto.
Aos quinze anos, começou a pintar quadros, em tela, evidenciando paisagens urbanas, vasos com flores e, mais recentemente, figuras abstractas.
Com uma caixa de tintas pincéis e um pequeno cavalete, faz da sala de estar, na residência familiar, o seu atelier de pintura.
Só utiliza a mão esquerda, elevando o braço, apenas ao nível da boca.
Contudo, esta grande limitação, aguça-lhe o engenho!
Pinta os quadros em duas etapas. Após pintar a parte de baixo, para alcançar e pintar a parte restante, inverte a posição da tela!
Mas, este trabalho engenhoso e difícil, é executado com tal perfeição, que os quadros parecem executados normalmente.
Apesar das suas limitações, já pintou cerca de oito dezenas de quadros, de diversas temáticas e tamanhos.



OUTRAS APTIDÕES

Com a sua cadeira de rodas, abeira-se e observa todas as obras e trabalhos executados na aldeia.
E, aos artífices que conhece, faz perguntas e dá sugestões interessantes.
Conhece as regras dos jogos tradicionais, que se praticam na aldeia. Embora não possa participar na maior parte deles, apercebe-se e comenta o cumprimento, ou a infracção das respectivas regras.
Com a sua incapacidade física, não pode executar os trabalhos no estábulo, no campo ou na manobra e reparação de máquinas e alfaias agrícolas. Mas, apercebe-se de qualquer falha ou deficiência, e dá sugestões úteis aos pais e aos irmãos.
Em computadores, rádios e electrodomésticos, mexe com mestria.
Com o irmão Eloi, de 13 anos, faz casinhas de pedra com porta e janelas, revelando os seus conhecimento captados nas frequentes visitas aos pedreiros da aldeia.